Confrarias

C O N F R A R I A S                              

(As de Igreja e as do "Comes e Bebes")    

    Nos meus tempos de criança e rapaz – já… adolescente – ouvia-se  falar com muita frequência,   por tudo e por nada,  em CONFRARIAS.  Eram as Confrarias da Lapa, de S.José,  da Matriz, da Sª. das Dores e…por aí fora! Quando havia procissões, era ver… quem mais queria participar nelas e envergar as opas representativas dessas mesmasconfrarias: branco e verde (Srª. da Lapa), azul e amarelo (S.José), azul e vermelho(Srª das Dores), etc.. Eu, era um desses. Lembro-me perfeitamente – era eu um miúdo – de garbosamente e com muita alegria, suportar sobre os meus ombros uma capa – era o que lhe chamava na altura – com as cores do Santo exposto na capela de S.Roque, mais concretamente, de Santiago Maior (vermelho e preto). Nessa época, corriam os anos de 40 e 50, eram as minhas cores preferidas. A minha falecida Mãe, costumava dizer-me quando assim me via vestido: – Pareces um homenzinho!… Ainda hoje, existem essas Confrarias.  Recentemente, por iniciativa e empenho do senhor padre José Gonçalves, ex-pároco de S.José, foi reactivada a confraria de S.Tiago Maior -recentemente abriram-se as inscrições para novos confrades/irmãos – o que, para mim, foi motivo de júbilo, alegria e felicidade. Agora, que já pertenço ao grupo dos septuagenários, poderei recordar com mais sentimento, os recuados tempos da minha "meninice" quando , nessa capelinha que sempre me fascinou, "ajudava à missa". A atitude e o dinamismo que nela poderá ser implementado, faz-me pensar numa possível "ressurreição" da CONFRARIA.    Aos IRMÂOS de outrora vieram juntar-se os CONFRADES de agora.  Estes, possuidores de uma mentalidade mais "p’rá frentex"  – não vivêssemos numa sociedade moderna, segundo a opinião de muito "boa gente" – resolveram criar e desenvolver um outro género de Confrarias:  as GASTRONÓMICAS. Cá, o nosso burgo, não ficou indiferente, às modernices que por aí proliferam. Um grupo de "amantes" da boa comida, como quem diz, de "bons garfos", e que não tinham nem têm "as mãos pecas", resolveram – em boa hora ou…não? – Fundar a Confraria dos SABORES POVEIROS. Naturalmente que, os sabores cá do nosso cantinho à beira-mar "plantado", são dos mais variados: "cambitos" de raia, fanecas fritas, arroz de sardinha, ferreta cozida, bolinhos de bacalhau, rabanadas, pescada cozida, etc..  No Salão Nobre da Câmara Municipal da nossa Terra, foi-me dada a possibilidade de assistir à entronização dos primeiros entusiastas na criação desta Instituição. Desta forma, tornaram-se nos primeiros confrades gastronómicos nascidos e criados no nosso cantinho, suponho eu! Pelo que me apercebi, falou-se essencialmente de RABANADAS e da PESCADA POVEIRA, sendo o SABOR desta, o primeiro a saltar para a ribalta. Soube, acidentalmente, que após a criação e oficialização da CONFRARIA, houve dois ou três encontros entre os Confrades para, de "pés debaixo da mesa" se reunirem, para "afinar" a estratégia a seguir para ano sua DIVULGAÇÃO. Foi dentro deste contexto, que optei por "cozinhar" este arrazoado de palavras, para falar sobre a melhor e mais eficaz propaganda do mais apetitoso – na minha opinião – SABOR POVEIRO, protagonizada pelo G.R.E."AS TRICANAS POVEIRAS" através do canal 1 da R.T.P., mais concretamente, do programa PRAÇA DA ALEGRIA deste canal. Efectivamente, uma das Poveiras mais carismáticas do nosso seio piscatório, com a naturalidade que lhe é peculiar, conseguiu, através da TV, recriar a verdadeira e genuína forma de confeccionar a PESCADA À POVEIRA. Estou a referir-me, naturalmente à D. Maria do Desterro que, na companhia de sua cunhada D. Maria das Dores , conseguiram fazer reviver o autêntico e verdadeiro momento, da gastronomia POVEIRA, não só pelo "prato" ali confeccionado como também pelos trajes envergados  – as autênticas Poveiras dos anos 30 e 40 – que, nos meus tempos de criança e de adolescente, nunca os meus olhos se cansavam de os admirar. Pessoalmente, o que mais aprecio num cozido de PESCADA, para além dela própria, das "pencas", das cenouras, das batatas, das cebolas, dos ovos, etc. – tudo produzido na Póvoa -, é aquilo que, no meu entender, lhe dá o verdadeiro sabor: o MÔLHO. Este– mostrado a todo o mundo por aquelas duas Senhoras, sem qualquer inibição em passarem o "segredo" da sua composição e confecção – é o principal elemento que identifica a verdadeira PESCADA À POVEIRA.  Parabéns a estas duas senhoras, pela forma sincera e aplicada, em darem a conhecer a todo o País, um dos SABORES da nossa gastronomia.    Sem pretender debruçar-me sobre uma nova maneira de se aplicar os bordados normalmente exibidos naquilo que, para mim, são as verdadeiras CAMISOLAS POVEIRAS, não quero deixar de fazer uma referência especial à roupa apresentada pela estilista Maria da Luz, utilizando os símbolos das citadas Camisolas Poveiras.o             Como não poderia deixar de ser, a minha atenção foi mais dirigida à  presença das nossas Tricanas. A meia dúzia de pares que representou a nossa Instituição, além de ter sido bem seleccionada, não só pela sua juventude e seu porte físico, como também, pelos belos trajes que, com todo o garbo envergaram e realçados nas magníficas danças que executaram. Foi, na minha opinião, a melhor representação e propaganda da Póvoa de Varzim, levada a todo o mundo, através de uma emissora de Televisão Portuguesa.    Uma palavra de apreço aos apresentadores da RTP, Sónia Araújo (envergando um lindo traje da Tricana Poveira) e Jorge Gabriel  (vestindo um casaco de fazenda emalha bordada com símbolos Poveiros)   – responsáveis pela apresentação do programa PRAÇA DA ALEGRIA – pelo profissionalismo demonstrado, tanto no prato gastronómico da PESCADA À POVEIRA como no desfile de roupa – bordada com motivos Poveiros – , protagonizada por jovens manequins, que não deixaram cair os seus créditos em…" mão alheias"!   

Ao terminar este meu desabafo, peço-vos perdão pela minha ousadia de misturar "alhos com bogalhos" (as confrarias) e felicitar o G.R.E.  "AS TRICANAS POVEIRAS", pelo excelente espectáculo que proporcionou a todo o País.                                                                                                    

Jorge Silva 

P.S. – Esta lengalenga, foi escrita "à minha moda": utilizando a ORTOGRAFIA que os meus velhos professores me ensinaram.

Pode ver mais fotografias deste evento aqui.

 

 

 

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