Por convite formulado pelo RANCHO FOLCLÓRICO DE CANELAS – parte integrante da ASSCIAÇÃO DESPORTIVA E CULTURAL DE SANTA ISABEL (Vila Nova de Gaia) – o G.R.E. “AS TRICANAS POVEIRAS” contribuiu para o sucesso do XXVI FESTIVAL DE FOLCLORE DE CANELAS, através da sua participação no Festival.
O evento, teve como principal finalidade, juntar numa manifestação de folclore – rica no seu simbolismo -, diversos Grupos Folclóricos provenientes das mais diversas localidades por onde EÇA DE QUEIROZ passou – desde o seu nascimento na PÓVOA DE VARZIM – , viveu, trabalhou, escreveu, namorou, casou e morreu. Como será facilmente entendível – para quem conhece o seu percurso literário e profissional – nem todos os Grupos Folclóricos e (ou) Etnográficos representativos das Terras por onde EÇA passou, poderiam estar representados nesta manifestação Cultural de índole popular. Apesar disso mesmo, corresponderam à solicitação da entidade organizadora, as Instituições convidadas: GRUPO RECREATIVO E ETNOGRÁFICO “AS TRICANAS POVEIRAS” – Póvoa de Varzim (cidade onde nasceu em 25/11/1845); GRUPO CORAL E ETNOGRÁFICO “CANTARES DE ÉVORA” – Évora (fundou e dirigiu nesta localidade, o jornal “Distrito de Évora”); RANCHO FOLCLÓRICO ETNOGRÁFICO SALOIO DO M.T.B.A. – Sintra (o oitavo capítulo da sua obra “Os Maias”, refere-se, na sua essência, às maravilhas da vila e serviu-lhe de inspiração para, de parceria com o seu amigo Ramalho Ortigão, escrever “O Mistério da Estrada de Sintra); GRUPO FOLCLÓRICO CASA DO POVO DE CACIA – Aveiro (viveu desde os 4 aos 10 anos de idade, na casa do seu avô paterno – hoje, um amontoado de ruínas – instalada no lugar de Verdemilho – Freguesia de Aradas – e a Costa Nova foi um dos locais preferidos do escritor para dar os seus passeios românticos com a sua namorada Emília); GRUPO FOLCLÓRICO DE COIMBRA – Coimbra (em cuja universidade ingressou em 1861 – com 16 anos – e, aí, concluir o seu curso de direito); RANCHO FOLCLÓRICO DO PORTO – Porto (vindo de casa do seu avô, em Verdemilho, matriculou-se no colégio da Lapa desta cidade com os seus 10 anos, onde viria a conhecer aquele que viria a ser o seu maior amigo: Ramalho Ortigão. Seu pai, na época, trabalhava num escritório, instalado nesta cidade); RANCHO DA REGIÃO DE LEIRIA -Leiria (aqui foi colocado como Administrador do Concelho – para poder ser admitido a concurso de Consul de 1ª.classe – e, a partir daí, poder seguir a carreira diplomática. Foi também na cidade do Liz, que se inspirou para escrever “O Crime do Padre Amaro); RANCHO FOLCLÓRICO “SANTA CRUZ DO DOURO” – Baião (onde possuía uma moradia herdada por sua esposa – para gozo de algumas das suas férias – , situada numa serra em Santa Cruz do Douro:Tormes. Foi a partir da paisagem e da ruralidade desta pequena povoação, que lhe surgiu a ideia de escrever “A Cidade e as Serras. É também em Santa Cruz do Douro, onde repousam os restos mortais do escritor); GRUPO MAHTAB DE DANÇA EGÍPCIA TRADICIONAL – Lisboa (tendo como companhia o seu cunhado Conde de Resende, esteve presente na inauguração do Canal de Suez – no Egípto – e, durante a visita a este País, tirou algumas notas, que lhe seriam de grande utilidade e indispensáveis, à feitura da sua obra: “A Relíquia “. ); RANCHO FOLCLÓRICO DE CANELAS – Vila Nova de Gaia (Foi aqui, no solar dos Condes de Resende, em Canelas, onde o insigne intelectual conheceu a mulher que viria a ser sua esposa: Emília de Castro Pamplona. Finalmente o GRUPO FOLCLÓRICO PORTUGAL NOVO DE COLOMBES – Paris ( foi na capital francesa, mais concretamente, em Neuilly, o falecimento do escritor, em 16 de Agôsto de 1900 ).
No cômputo geral, esta iniciativa de índole Cultural, patenteou a grande dignidade manifestada de todos aqueles que nela participaram – tanto individual como colectivamente –e o grande entusiasmo e respeito do público presente, ao assistirem a este espectáculo (dividido em dois – 30 e 31 de Julho) que, de uma forma bastante inteligente, fez recordar, na sua essência, alguns dos caminhos percorridos pelo notável Poveiro: EÇA DE QUEIROZ.
De uma forma muito particular, é de inteira justiça realçar a participação do nosso Grupo, não só no que diz respeito ao folclore (danças e cantares) como também, a uma pequena representação de teatro/revista protagonizada por dois grandes, e nossos, artistas Poveiros: ANTÓNIO COSTA (Eça de Queiroz) e JOSÉ SILVA (Lobo do Mar). As nossas Tricanas, trajadas a rigor, mais uma vez deixaram os espectadores de “olhos abertos” por aquilo que estavam a ver: um dos mais belos trajes de Portugal. As Danças e os Cantares foram também motivo de admiração, pelo garbo, respeito e “profissionalismo” demonstrados. A nossa dupla, constituída por “Eça de Queiroz” e “Lobo do Mar”, conseguiram representar um momento hilariante – bem conseguido -, ao apresentarem uma rábula escrita propositadamente para o evento pelo encenador e Presidente do Grupo, António Pereira. O casal que apresentou o espectáculo, constituído por dois historiadores, classificou a exibição das nossas Tricanas com a nota de “extraordinária”.
Não poderíamos terminar este simples escrito, sem manifestarmos a nossa admiração, pela ausência, no FESTIVAL DE TRADIÇÕES DE TERRAS QUEIROZIANAS, de uma representação folclórica e (ou) etnográfica de Vila do Conde. Não deve ser esquecido, o facto de o nosso Eça de Queiroz ter sido baptizado na Igreja Matriz de Vila do Conde (5 de Dezembro de 1845) e, a partir daí, ser entregue aos cuidados de uma ama que o criou até aos 4 anos – dizem alguns historiadores – na mesma cidade.
Jorge Silva