Opereta Maria

            É a segunda vez que tenho a satisfação e o prazer de assistir à representação desta peça teatral organizada e realizada pela mesma Instituição de CULTURA que se dá pelo nome de: G.R.E. “AS TRICANAS POVEIRAS”. Recordo-me perfeitamente da mágica noite de 19 de Dezembro de 2012, em que um grupo composto por pessoas dos mais diversos escalões etários – todas elas componentes e amigas da Instituição – numa perfeita união de vontades e numa notável partilha de esforços, conseguiram “ressuscitar” aquilo que durante alguns anos pareceu estar “morto”: a opereta “MARIA”.

            Naturalmente que neste pequeno apontamento, não vou escalpelizar o conteúdo da peça, conforme o fiz há mais ou menos um ano (último boletim que escrevi), nem tão pouco repetir os nomes dos intervenientes na peça. Apenas me vou debruçar nalguns aspectos que merecem ser realçados, tomando em devida conta o espectáculo do ano passado. O primeiro “que me saltou logo à vista”, ou melhor! …ao ouvido, foi um outro espectáculo inserido no próprio levado à cena: a ORQUESTRA. Superiormente dirigida pelo maestro e professor JOSÉ ABEL CARRIÇO e composta por 9 dos seus alunos: CLARA SALEIRO (Flauta); GUILHERME MADUREIRA (Sax Tenor); VERA FONTE (Piano); TIAGO CARRIÇO e RÚBEN FANGUEIRO (1ºs.Violinos); VÂNIA OLIVEIRA e CHRISTELLE DO VALE (2ºs.Violinos); ANDRÉ CARRIÇO (Violoncelo); PAULO BOAVENTURA (Contrabaixo), este elenco musical enriqueceu sobremaneira, a história do JOSÉ e da MARIA. Quer queiramos ou não, o conjunto de instrumentos utilizado – como fundo musical – neste género de espectáculo, é o mais aconselhado. É evidente, que os resultados musicais por eles obtidos, serão tanto maiores, quanto melhores forem as mãos que os manipulam, como o que se verificou neste evento. O segundo aspecto, foi o SOM. Comparar o oferecido a este espectáculo com o do ano transacto, é o mesmo que se comparar a “água com o vinho”. De facto, pessoalmente, não notei qualquer falha e pareceu-me ser audível, em qualquer canto da sala. O terceiro aspecto, tem a ver com o Guarda-roupa. Esteve mais de acordo com aquilo que foi escrito em 1937 pelo Dr. José Sá e, nalguns casos, com trajes de cores mais garridas nos mais variados padrões. Estes, envergados por jovens e bonitas raparigas, foram apreciados como um misto de Etnografia e folclore. O quarto aspecto, refere-se ao desempenho de ÁLVARO MAIO no papel de Pai de José (Sr. LUIS). Alguém me segredou que, para assumir esse papel, não foram muitos os ensaios. A ser assim, o seu trabalho foi francamente satisfatório. A atestar esta minha afirmação, foi o “à vontade” demonstrado por ANTONIETA PEREIRA, na pele da personagem JOAQUINA (Mãe de JOSÉ): excelente. O quinto e último aspecto, refere-se aos lindos e adequadíssimos cenários, que assentaram “como uma luva”…numa velha aldeia do Alto-Minho.

            Os que eventualmente me lêem, não fazem uma mínima ideia do quanto me custa não fazer referências individuais, ao trabalho desenvolvido por cada um dos actores e demais elementos, na feitura e posterior desempenho desta peça TEATRAL. De uma coisa estou certo: a mais de meia centena de pessoas, pondo de lado os seus momentos de lazer; o prato que, nalguns casos, nem sequer ocupou espaço na sua mesa; o merecido descanso nos seus leitos; por algum tempo, o seu “ganha-pão” e outros sacrifícios credores dos maiores encómios, conseguiu “pôr de pé” esta gigantesca produção. É com gente desta índole, que dá gosto conviver. Com ela, não se perde tempo… bem pelo contrário! Ganha-se o Culto pelo trabalho, pelo espírito de equipa, pelo “nunca desistir” e, principalmente, pela sincera amizade de todos para com todos. Este País não precisa de políticos, para o fazer crescer. Necessita sim, de GENTE como esta: COMPETENTE, TRABALHADORA e, obrigatoriamente… HONESTA. Julgando-me pertencer a este grupo de pessoas e pela muita experiência que tenho nestas “andanças”, devo acrescentar que, felizmente para a nossa comunidade, existem mais algumas Instituições de Cultura e de Lazer, que se regem pela mesma filosofia comunitária. Hoje, mais do que nunca, há absoluta necessidade de TODAS elas “afinarem pelo mesmo diapasão” e unirem-se em ideias e esforços para, através desse exemplo, darem uma “lição” de entendimento mútuo, a uma sociedade cada vez mais pobre e, paradoxalmente, mais egoísta. Com isso, poderão continuar a oferecer e a proporcionar à população, momentos agradáveis e de alguma felicidade, como forma de as agruras da vida se tornarem mais “macias”, o mesmo que dizer, ajudar a manter e, se for possível, fortalecer a nossa saúde mental. Por experiência própria sei, que estes meus desabafos (conselhos) têm servido – a alguns amigos – para alguns comentários jocosos, apelidando-me de paternalista ou evangélico. Naturalmente que, não sou nem uma coisa nem outra, mas sou muito capaz de acreditar num… “chover no molhado”.

            Sem dar por isso, fugi do tema que me levou a “escrevinhar” esta pequena resenha sobre aquilo que me foi dado ver: a MARIA. Em escrita, pouco falta acrescentar. Em valor, falta muito. E o valor, além do que atrás foi referido, esteve em: Director Artístico, Elenco e Cenografia – ANTÓNIO PEREIRA; Director Musical – Prof. JOSÉ ABEL CARRIÇO; Ponto – FILIPA CAMPOS COSTA; Som e Contra-Regra – ARMINDO RENATO PEREIRA e Contra-Regra ALFREDO ABEL OLIVEIRA.

 Jorge Silva

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